Destacamento Blood é sobretudo, um filme sobre memórias. O diretor Spike Lee, em mais uma obra misturando história real e ficção, traz à tona como os Estados Unidos sempre estiveram em dívida com seu povo afro-americano. Quatro negros veteranos da guerra do Vietnã retornam ao país em busca de um tesouro e dos restos mortais do Stormin Norman, quinto integrante do pelotão ou destacamento “Blood”.
Paul, Otis, Melvin e Eddie são os
protagonistas deste longa metragem que evidencia a relação desproporcional na
qual os negros são minoria em seu país de origem (EUA), enquanto na guerra
americana do Vietnã são maioria. Segundo o site Brasil Escola, em 1969 os
Estados Unidos chegaram a enviar 500 mil soldados ao país asiático. Spike Lee
explora essa relação ao fazer menção à luta pelos direitos civis e liberdade
que tiveram Martin Luther King, Malcolm X, Angela Davis e muitas outras
lideranças.
Ao longo das cenas, uma locutora de
rádio vietnamita se dirige aos soldados negros americanos que estão em combate,
os fazendo refletir sobre a contradição de estarem lutando naquela guerra,
enquanto seus irmãos morriam na luta por direitos iguais em seu país. Ao noticiar
a morte de Martin Luther King, por exemplo, a locutora faz questão de ressaltar
que o reverendo King era contra a guerra do Vietnã e morreu combatendo a discriminação
racial nos EUA, lembrando aos soldados que sua guerra era outra, em outro
território e por outros motivos.
Diretor de Infiltrado na Klan, Ela Quer Tudo, Faça a Coisa Certa e o musical Chi-Raq, Spike Lee é barril. Ele fabrica um arsenal cinematográfico da melhor qualidade para a gente entender o racismo nos Estados Unidos, na perspectiva de um homem afro-americano, o que ajuda a entender o racismo em outros países colonizados, como o Brasil. Numa volta ao passado, o roteiro rompe a linearidade do tempo quando os veteranos estão enterrando o ouro e Stormin Norman, o quinto integrante morto na guerra, traz um discurso de consciência de classe e raça aos Bloods, lembrando que os seus são sempre os primeiros a morrerem pelo país. Norman faz alusão a Crispus Attucks, estivador afro-americano assassinado por soldados britânicos no massacre de Boston, em 1770, primeiro americano morto na Revolução Americana. Mesmo sendo os primeiros a morrerem pelo país, nas vitórias são sempre os últimos, ou nem são, lembrados. Dessa forma, Stormin associa a posse do tesouro à reparação para o povo negro, que sempre esteve na base das lutas do país, porém nunca no topo das vitórias.
E você, será que está lutando em sua própria guerra?
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Fonte:
https://brasilescola.uol.com.br/historiag/guerra-do-vietna.htm

Excelente dica!
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