O Dia Internacional da Igualdade Feminina é
importante para comemorar as conquistas e lembrar por que ainda precisamos
lutar.
Em 1791 a
francesa Olympe de Couges foi decaptada na guilhotina depois de escrever a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã,
afirmando no Art.1 que “a mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem”. O feminismo
representa uma luta histórica pela igualdade de gênero que custa vidas de
muitas mulheres e inspira tantas outras.
Vivemos em uma
sociedade machista onde recebemos salários inferiores aos dos homens, não ocupamos
proporcionalmente os cargos de poder em instituições públicas ou privadas, temos
jornada dupla, tripla, múltipla de trabalho, entre outros fatores que impedem a
nossa liberdade e igualdade de direitos.
As lutas variam de acordo com a realidade de
cada mulher. Enquanto as que tinham estudo lutavam pelo direito de trabalhar em
sua área de formação, por exemplo, as mulheres pobres já estavam trampando nas
manufaturas e indústrias.
“Eu sou uma mulher
preta nascida e criada em Tubarão, Paripe, Subúrbio Ferroviário de Salvador
Bahia, sou filha de Ecinha (dona de casa, famoso faz tudo, costureira, artista,
ela pinta que é uma beleza), Uilson (cobrador de ônibus, entusiasta, coaching,
sem saber que era). Estudei a vida inteira em escola pública, desde creche ao
ensino médio, fiz curso de vídeo enquanto estava cursando o ensino médio, o que
me possibilitou sair da minha comunidade e conhecer outros bairros da cidade,
logo depois me tornei jovem aprendiz de uma multinacional, amava a área de
comunicação porém o sistema ainda mostrava como se fosse algo distante para
mim, consegui ingressar na UFBA, no curso de medicina veterinária, curso
majoritariamente branco, elitista... Formei, porem decidi não seguir a profissão,
decidi que iria cantar (...) Montei um grupo de rap, trabalhei muito (...) Hoje
sigo carreira solo, me construindo com cada experiência e novos desafios, uso
muito a frase, podemos ser o que quiser, frase que pode parecer meio utópica,
mas olha só a minha história, ela contradiz essa utopia.”
MC, cantora,
compositora, escritora e produtora, Udi Santos é guerreira que não abaixa a
cabeça. As dificuldades não impediram que fosse em busca de seus sonhos.
Acredita que a arte tem o poder de informar, curar, trazer perspectiva e “é
isso que entrego para o mundo”.
“ As preta no poder (...) chegando pra valer
não adianta correr”
(Pretas no Poder,
Udi Santos)
A cantora Nina
Simone disse que é dever do artista refletir seu tempo. Através da vivência e
da música, Udi inspira outras mulheres. Para ela, sua trajetória descreve suas
conquistas e tanto a arte quanto a história da guerreira revelam possibilidades,
caminhos, alternativas às múltiplas jornadas do cotidiano de uma mulher preta
suburbana.
A escolha do
próprio caminho, independente do que o futuro tenha aparentemente reservado.
Isso é poder. Motivo para comemorar as conquistas e lembrar por que ainda
precisamos lutar.
Texto: Ana Paula, Davi Bahia e Natureza França
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